segunda-feira, 30 de abril de 2012

Por Márcia Morais (Gênero Textual: Interrogatório)


Cadáver na soleira da porta

Márcia Morais
Meu Deus, que situação!
Minhas pernas tremiam, não sabia se era pela ansiedade ou medo pela presença do delegado, a minha frente, me olhando com aquele olhar frio. Estava sendo interrogada porque, do nada, apareceu um cadáver na porta da minha casa, hoje pela manhã. E eu estava ali, naquele momento, prestando depoimento. Justo eu, que morro de medo de polícia e vivo quietinha no meu mundinho, evitando qualquer envolvimento com a justiça!
- Sente-se, por favor, e diga seu nome completo.
 - Maria.
- Maria... do quê?
- Maria Socorro dos Anjos Silva.
-Seu endereço, senhora.
-Moro na Rua Francisnelson Freitas, número 24, Cohab 3.
- Há quanto tempo mora neste endereço?
-Ah! Faz muito tempo, doutor, desde que casei, há 35 anos atrás.
- A senhora trabalha? Tem emprego fixo?
- Trabalho, sim senhor.
- Onde?
- Na casa da dona Rosalva, lá no centro da cidade. A rua é rua Brasil, número 301, bairro das Paineiras.
- Me conte exatamente o que aconteceu esta manhã.
-Doutor, quando acordei às 5 da manhã pra pegar no batente, abri os olhos, olhei o relógio para ver que hora era, me levantei, fui ao banheiro, escovei os dentes, dei uma oiada  no meu veinho, fui fazê o café, arrumá umas coisinhas...
- Dona Maria, vá direto ao assunto!
- Me desculpe, doutor. Depois de tudo isso, abri a porta da sala para colocar o lixo no lixo, foi aí que quase morri de susto, doutor. Tinha um homem caído, morto, na soleira da minha porta.
- O que a senhora fez?
- Corri pro celular e tentei ligar para a polícia, mas não tinha crédito. Então, peguei o celular do meu véio, liguei pra polícia e falei que tinha um homem morto na minha porta.
-Como pode afirmar que o homem estava morto?
- Doutor, quando eu coloquei a mão no defunto ele já tava gelado.
- A senhora tocou no defunto?
- Claro, ué! Queria saber se tava vivo!
- A senhora conhece o elemento?
-Elemento?
- Sim, o cadáver, Dona  Maria.
- Cruz credo, doutor, nem vivo, nem morto, graças a Deus!
- E isso é tudo o que a senhora sabe?
- Sim, doutor. Depois a polícia chegô e levou o corpo. O resto o senhor já sabe.
- Bom, dona Maria, por enquanto é só, mas a senhora  será intimada a comparecer novamente à delegacia.
-Ah, é ! Não acabou?
- Não. Por isso, a senhora não deve deixar a cidade e, se isso acontecer, nos avise, por favor.
- Brigada, doutor, e até mais!

2 comentários:

  1. Wertania Alvarenga Bastos
    (3 respostas)
    30/4/2012 13:26

    CADÁVER NA SOLEIRA DA PORTA Um cad
    CADÁVER NA SOLEIRA DA PORTA


    Um cadáver de um homem de aproximadamente 65 anos foi encontrado em frente a uma soleira de porta. O corpo foi encontrado pela Dona de casa Maria da Luz Pinheiro, que é moradora da residência, situada à Av dos Irajás, nº 305 - Centro - Ilha Perdida - SP. O IML foi chamado para fazer o trabalho de perícia e a dona de casa foi levada à delegacia do 79º Distrito Policial para prestar depoimento, já que ela é a única testumunha do fato. Chegando à Delegacia, iniciou-se o depoimento:

    _ A quanto tempo a senhora reside neste local?
    _ A aproximadamente, 6 anos.
    _ Qual a sua naturalidade?
    _ Sou de Campina Grande - Paraíba.
    _ A senhora é casada?
    _ Não.
    _ Tem filhos?
    _ Tenho 02. Um menino de 17 anos e uma menina de 14.
    _ Conte-nos exatamente o momento exato que encontrou o cadáver.
    _ Eu levantei às 04h:30 como de costume é fui ao banheiro. Tomei banho e depois fui trocar de roupa, pois pego o ônibus as 05H15 todos os dias para montar minha barraca na feira. Deixei o café pronto para quando as crianças acordarem. Elas pegam o ônibus escolar às 06h30. Aí fui até a porta e, ao abrir, dei de cara com um homem morto na porta da soleira. Aí eu fiquei desesperada, entrei e fechei a porta e liguei para vocês.
    _ D. Maria, a senhora recebeu visitas durante à noite?
    _ Não! Por quê?
    _ Por nada, só uma pergunta. A senhora tem parentes em São Paulo?
    _ Uma tia que mora no interior.
    _ A senhora mantém contato com essa sua parente? Quando foi a última vez que a viu?
    _ Nem lembro. Escute Doutor, não estou gostando do tom das suas perguntas. Até parece que sou eu a assassina e não a testemunha.
    _ Calma, Dona Maria. Isso faz parte do interrogatório.
    _ Pois eu não quero dar mais nenhum interrogatório, se não for na presença do meu advogado.
    _ Ah! a senhora tem um advogado?
    _ Não... quer dizer... todo mundo precisa de um... eu não tenho mais sei que tenho direito a um.
    _ Dona Maria, por enquanto é só. Caso lembre de mais alguma coisa, por favor, nos procure.
    _ Tá.

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  2. Dona Maria levantou-se, meio que apressada e foi embora. Porém, o delegado ficou intrigado com algumas questões e pediu que fosse informado o quanto antes sobre o laudo pericial que apontaria a causa da morte. Passados alguns dias, o Delegado Zaratustra soube que o homem, ainda desconhecido, fora assassinado com arsênico. Imediatamente, chamou uma viatura com dois policiais e dirigiu-se até a residência de D. Maria. Chegando lá, tocou a campainha e ela veio abrir a porta. Ao abrir, exclamou:
    _ De novo???
    _ D. Maria, a senhora está presa e tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser, será usado contra você no Tribunal.

    Na Delegacia, D. Maria queria saber como o Delegado Zaratustra descobriu seu crime.
    O Delegado informou que, os policias que atenderam a ocorrência notaram que dentro da casa da D. Maria, sob a mesa estavam várias garrafas de cerveja e dois copos. Notaram também que as camas estavam arrumadas, significando que não tinham sido usadas pelos seus filhos. Descobriram ainda que ela possui antecedentes criminais pelo assassinato de um homem com peixeira em Campina Grande e estava sendo procurada. Descobriram ainda que não existe tia dela morando em São Paulo e que este homem, de nome Yáscara Douglas era um turco que morava em São Paulo a aproximadamente 30 anos, casado e que Dona Maria trabahava na loja de roupas dele, localizada no Brás. Descobriram ainda que os dois mantinham um relacionamento e encontravam-se sempre às madrugadas, na residência de D. Maria.

    _ Seu delegado, vou confessar uma coisa pro senhor. Eu sou mesmo uma viúva negra. Homem pra mim tem que me sustentar. Matei o pai de meu filho na Paraiba, por que ele queria terminar tudo comigo e ficar com a mulherzinha dele. Matei com chumbinho. O Senhor precisava ver como ele ficou, pedindo para eu ajudá-lo, para eu não deixá-lo morrer. ahahahahahahah
    _ E por que a senhora matou o Seu Habib?
    _ Por que ele também queria me abandonar. Maldito turco! Unha de vaca! Fominha! Miserável! Olha Doutor. Eu queria fazer com ele igual eu vi a Nazaré Tedesco fazer com um taxista dentro da banheiar de um motel: fogar um secador ligado. Mas o miserável não quis me levar pro motel. Falou que era bobagem gastar dinheiro. Aí eu pensei: vai ser aqui em casa mesmo. Coloquei arsênico dentro da bebida dele. Só que o safado, ao perceber que ia morrer correu, abriu a porta e caiu. Como ele era bastante gordo e pesado, deixei ele caído lá mesmo.
    _ Quem é o pai de sua filha?
    Não sei. Eu a roubei de uma maternidade em Campina Grande. Sabe, Dr. Não preciso de advogado algum. Eu mesma faço minha defesa e já vou logo avisando. Não vou passar muitos dias presa. E ao sair, vou fazer tudo de novo. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

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