terça-feira, 1 de maio de 2012

Por Wertânia Bastos (Gênero Textual: Interrogatório)

Cadáver na Soleira da Porta

Wertânia Bastos

Um cadáver de um homem de aproximadamente 65 anos foi encontrado em frente a uma soleira de porta. O corpo foi encontrado pela Dona de casa Maria da Luz Pinheiro, que é moradora da residência, situada à Av dos Irajás, nº 305 - Centro - Ilha Perdida - SP. O IML foi chamado para fazer o trabalho de perícia e a dona de casa foi levada à delegacia do 79º Distrito Policial para prestar depoimento, já que ela é a única testemunha do fato. Chegando à Delegacia, iniciou-se o depoimento:

_ A quanto tempo a senhora reside neste local?
_ A aproximadamente, 6 anos.
_ Qual a sua naturalidade?
_ Sou de Campina Grande - Paraíba.
_ A senhora é casada?
_ Não.
 _ Tem filhos?
_ Tenho 02. Um menino de 17 anos e uma menina de 14.
_ Conte-nos exatamente o momento exato que encontrou o cadáver.
_ Eu levantei às 04h:30 como de costume é fui ao banheiro. Tomei banho e depois fui trocar de roupa, pois pego o ônibus as 05H15 todos os dias para montar minha barraca na feira. Deixei o café pronto para quando as crianças acordarem. Elas pegam o ônibus escolar às 06h30. Aí fui até a porta e, ao abrir, dei de cara com um homem morto na porta da soleira. Aí eu fiquei desesperada, entrei e fechei a porta e liguei para vocês.
_ D. Maria, a senhora recebeu visitas durante à noite?
_ Não! Por quê?
_ Por nada, só uma pergunta. A senhora tem parentes em São Paulo?
_ Uma tia que mora no interior.
_ A senhora mantém contato com essa sua parente? Quando foi a última vez que a viu?
_ Nem lembro. Escute Doutor, não estou gostando do tom das suas perguntas. Até parece que sou eu a assassina e não a testemunha.
_ Calma, Dona Maria. Isso faz parte do interrogatório.
 
_ Pois eu não quero dar mais nenhum interrogatório, se não for na presença do meu advogado.
_ Ah! a senhora tem um advogado?
_ Não... quer dizer... todo mundo precisa de um... eu não tenho mais sei que tenho direito a um.
_ Dona Maria, por enquanto é só. Caso lembre-se de mais alguma coisa, por favor, nos procure.
_ Tá.

Dona Maria levantou-se, meio que apressada e foi embora. Porém, o delegado ficou intrigado com algumas questões e pediu que fosse informado o quanto antes sobre o laudo pericial que apontaria a causa da morte. Passados alguns dias, o Delegado Zaratustra soube que o homem, ainda desconhecido, fora assassinado com arsênico. Imediatamente, chamou uma viatura com dois policiais e dirigiu-se até a residência de D. Maria. Chegando lá, tocou a campainha e ela veio abrir a porta. Ao abrir, exclamou:
_ De novo???
_ D. Maria, a senhora está presa e tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser, será usado contra você no Tribunal.
 
Na Delegacia, D. Maria queria saber como o Delegado Zaratustra descobriu seu crime.
O Delegado informou que, os policias que atenderam a ocorrência notaram que dentro da casa da D. Maria, sob a mesa estavam várias garrafas de cerveja e dois copos. Notaram também que as camas estavam arrumadas, significando que não tinham sido usadas pelos seus filhos. Descobriram ainda que ela possui antecedentes criminais pelo assassinato de um homem com peixeira em Campina Grande e estava sendo procurada. Descobriram ainda que não existe tia dela morando em São Paulo e que este homem, de nome Yáscara Douglas era um turco que morava em São Paulo a aproximadamente 30 anos, casado e que Dona Maria trabalhava na loja de roupas dele, localizada no Brás. Descobriram ainda que os dois mantinham um relacionamento e encontravam-se sempre às madrugadas, na residência de D. Maria.
 
_ Seu delegado, vou confessar uma coisa pro senhor. Eu sou mesmo uma viúva negra. Homem pra mim tem que me sustentar. Matei o pai de meu filho na Paraiba, por que ele queria terminar tudo comigo e ficar com a mulherzinha dele. Matei com chumbinho. O Senhor precisava ver como ele ficou, pedindo para eu ajudá-lo, para eu não deixá-lo morrer. ahahahahahahah
 
_ E por que a senhora matou o Seu Habib?
_ Por que ele também queria me abandonar. Maldito turco! Unha de vaca! Fominha! Miserável! Olha Doutor. Eu queria fazer com ele igual eu vi a Nazaré Tedesco fazer com um taxista dentro da banheira de um motel: jogar um secador ligado. Mas o miserável não quis me levar pro motel. Falou que era bobagem gastar dinheiro. Aí eu pensei: vai ser aqui em casa mesmo. Coloquei arsênico dentro da bebida dele. Só que o safado, ao perceber que ia morrer correu, abriu a porta e caiu. Como ele era bastante gordo e pesado, deixei-o caído lá mesmo.
_ Quem é o pai de sua filha?
Não sei. Eu a roubei de uma maternidade em Campina Grande. Sabe Dr., não preciso de advogado algum. Eu mesma faço minha defesa e já vou logo avisando. Não vou passar muitos dias presa. E ao sair, vou fazer tudo de novo. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH



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